Fotografia reproduzida de: portal da cidade de Hof in Mähren, Alemanha, na internet.
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Homenagens
Ferdinand Krumholz 1810-1878 BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO EM 2010
Nascido na então cidade de Hof, a 7 de maio de 1810, Ferdinand Krumholz era sobrinho e discípulo do pintor de igrejas Stanislau Michael Krumholz que, entre 1817 e 1822, pintou o coro da Igreja de São João Nepomuceno em Senozatny, Czaslau, na Boêmia. Ao completar dezesseis anos de idade ingressou na Academia de Belas Artes de Viena, tendo sido aluno de Amalie von Peter, Joseph Redl (1774- 1836), Johann-Nepomuk Ender (1793-1854) e do escultor Johann N. Schaller (1777-1842). Poucos anos mais tarde, em 1829, assumiu a atribuição de ministrar aulas de desenho ao Conde Czernin, em Trieste, passando a estudar, durante dois anos, na Academia de Belas Artes de Veneza, na Itália, onde obteve algumas distinções.
Visitando Roma e Nápoles e vivendo durante os anos de 1832 e 1833 em sua terra natal, o artista transferiu-se em 1834 para Paris, freqüentando cursos de pintura na Academia de Belas Artes da capital francesa e participando assiduamente dos Salões realizados entre os anos de 1836 e 1845. Suas obras eram na maior parte retratos, sobretudo de senhoras e crianças. Por ocasião da Exposição do Museu do Louvre, em 1841, obteve a medalha de ouro de terceira classe, com uma pintura de gênero. A partir de então, tornou-se protegido da duquesa de Nemours e do duque de Coburgo, passando a executar retratos das principais personalidades da sociedade francesa da época, o que fez com que ficasse conhecido como "... o galante e querido pintor das cortes reacionárias". O Museu do Louvre, em Paris, possui atualmente os retratos do Príncipe Félix Lichnowsky e do marechal Victor de Bellune, ambos de sua autoria.
Recomendado como pintor à corte portuguesa, fixou-se em Lisboa no ano de 1844, onde retratou, entre outros nobres, a rainha Maria da Glória I e seu marido, o príncipe Ferdinando da Saxônia- Coburgo-Kohary, além de pintar um quadro de grupo com os três filhos do casal real. Suas atividades em Lisboa renderam-lhe nomeação como membro da Academia Portuguesa e Cavaleiro da Ordem de Cristo de Portugal, tendo estado também por diversas vezes na Espanha, onde produziu algumas paisagens.
Partindo de Trieste, numa viagem marítima bastante agitada, em que não faltaram ataques piratas, Krumholz chegou ao Brasil em 1848, estabelecendo-se no Rio de Janeiro e mantendo ateliê, entre os anos de 1849 e 1850, na Rua dos Ourives, 10 (atual Rua Miguel Couto). Na capital, executou o retrato do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, tornando-se pintor oficial da corte e membro honorário da Academia Imperial das Belas Artes. Ainda em 1849, concorreu à Exposição Geral da Academia, sendo agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem Imperial da Rosa.
Dois anos após sua chegada ao Brasil, transfere seu ateliê para o número 13 da mesma Rua dos Ourives, ficando estabelecido no novo endereço até o ano de 1853. Ainda em 1850, participou da Exposição Geral, recebendo, dois anos mais tarde, os títulos de Cavaleiro da Ordem de Francisco José da Austria e da Real e Distinta Ordem de Carlos III da Espanha.
Vigoroso retratista, Krumholz pintou retratos da condessa de Iguaçu, do barão de Santo Angelo (o pintor e professor Manuel de Araújo Porto-Alegre), do duque de Seyer e de outras personalidades da época, que lhe valeram a admiração oficial e o reconhecimento público. Dedicou-se também, com menor intensidade, à pintura de gênero.
Depois de uma permanência de quase cinco anos entre os brasileiros, Krumholz regressou à Alemanha em 1853, passando antes por Londres, onde retratou diversos aristocratas. Já no ano seguinte viaja para a India, produzindo várias marinhas e pinturas iconográficas relativas à vida nas ruas das cidades de Bombaim e Calcutá. Incansável viajante e curioso, instalou-se em Paris, em 1858, onde prosseguiu em sua bem sucedida atividade como retratista. O cansaço natural originado pelo avanço dos anos, encontra o agitado artista, a partir de 1876, residindo em Berna, na Suíça, onde vem a falecer a 11 de janeiro de 1878, aos sessenta e oito anos de idade, não tendo deixado descendentes no Brasil.
Maria Elizabete Santos Peixoto Extraído do livro Pintores alemães no Brasil durante o século XIX, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 1989, p.55-65.
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TEXTO Copyright © Maria Elizabete Santos Peixoto, 1989-2023
BIBLIOGRAFIA
FREIRE, Laudelino. Um século de pintura, 1916, p.80-81, 89-90, 134 e 503
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, 1917, v.5, p.797-798 e 804-805
RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil, 1941, p.68
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