Carlos Roberto Maciel Levy

Crítico e Historiador de arte

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Nossa Senhora da Conceição, circa 1770
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ

Homenagens

Manuel da Cunha 1737-1809
BICENTENÁRIO DE MORTE EM 2009

Nascido e falecido no Rio de Janeiro. Filho de escrava, desde a meninice manifestou fortes inclinações artísticas, o que levou seu amo a permitir que estudasse pintura, primeiro com João de Souza e mais tarde em Lisboa. Ao retornar obteve sua alforria, graças ao negociante José Dias da Cruz, que o protegeu.

De acordo com Porto-Alegre, na Memória de 1841 sobre os pintores fluminenses, executou a pintura do teto da capela do Senhor dos Passos – uma Descida da cruz, inspirada na de Daniele da Volterra –, o Retrato do Conde de Bobadela, para a Câmara Municipal (hoje no Convento de Santa Teresa, Rio de Janeiro) e ainda, para a igreja do Castelo, um Santo André Avelino. Atribuídos à sua mão existem igualmente, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, diversos retratos de benfeitores e seis painéis, de uma série representando a Paixão de Cristo (desapareceram os demais); outros haverá em igrejas ou mesmo recolhidos a coleções privadas.

Manuel da Cunha residia em casa própria, à rua de São Pedro, onde mantinha uma aula de pintura freqüentada por 12 alunos. Há, no arquivo da Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição da Boa Morte, o assentamento de seu óbito, vazado nesses termos:

“O irmão Manuel da Cunha veio sepultar-se nesta igreja, amortalhado em hábito de Santo Antônio, conduzido em uma sege, recebido pelos seus irmãos, encomendado e recomendado pelo coadjutor da Candelária em 27 do mês de abril de 1809.”

A arte de Manuel da Cunha é pesada e desgraciosa, justificando-se o que sobre o artista escreveu Porto-Alegre:
“Muito produziu por força de vontade e por simples desejo de amor à arte e de consagrado respeito à religião.”
Senhor de um estilo rude, que antes evoca o século XVII do que aquele em que efetivamente viveu, nos retratos alçou-se a nível mais elevado de execução, a alguns deles não faltando – como no de Inácio da Silva Metela, de 1795, na Santa Casa de Misericórdia – sequer a nota psicológica.

José Roberto Teixeira Leite
Extraído do livro Dicionário crítico da pintura no Brasil, ArtLivre, Rio de Janeiro, 1988 (versão digital em CD-ROM, Log On Informática, Rio de Janeiro, 1999).



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