Carlos Roberto Maciel Levy

Crítico e Historiador de arte

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Cristo amarrado e ludibriado, circa 1855
Museu de Arte da Bahia, Salvador

Homenagens

José Rodrigues Nunes 1800-1881
BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO EM 2000

Nascido e falecido em Salvador, Bahia. Foi aluno de Franco Velasco, a quem ajudou nas pinturas da Igreja do Bonfim, entre 1818 e 1820. Quando o mestre morreu em 1833, deixando inacabada a pintura do teto da nave da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, coube a Rodrigues Nunes terminá-la, fazendo uso dos esboços originais. Segundo Carlos Ott, preferia copiar os mestres antigos a executar composições próprias, disso sendo prova uma Madona, pintada em 1834 para a mesma Igreja da Ordem Terceira, a qual repete uma composição do pintor beneditino Frei Estêvão do Loreto Joassar; por outro lado, a Transfiguração na nave da Matriz do Passo (1859-1860) repete a composição homônima de Rafael.

José Rodrigues Nunes desincumbiu-se ainda de numerosas comissões, trabalhando de 1839 a 1842 para a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz de São Pedro, e a partir de 1855 para a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Matriz de Santana. Deixou também diversos retratos, como os do próprio Franco Velasco e os do Visconde de Cairu, de vários lentes da Faculdade de Medicina e de benfeitores e provedores da Santa Casa da Misericórdia, além de outros notáveis da época.

Professor no Liceu Provincial de Salvador de 1837 a 1859, Rodrigues Nunes orientou Olímpio Pereira da Mata, Macário José da Rocha, João Francisco Lopes Rodrigues, Francisco da Silva Romão e o próprio filho, Francisco Rodrigues Nunes, funcionando assim como uma espécie de elo de ligação entre os séculos XVIII e XIX. Em suas composições religiosas é pintor apenas discreto, desenhando frouxamente e colorindo mal; como retratista, contudo, elevou-se por vezes a níveis insuspeitos. O Museu de Arte da Bahia possui alguns dos Passos de uma Via Sacra por ele executado, exemplo característico de sua arte rústica e pesada, em que as figuras, como bonecos atarracados, movem-se numa atmosfera rarefeita, fiéis embora a uma composição bem amarrada - o que aliás não admira, porque copiada.

José Roberto Teixeira Leite
Extraído do livro Dicionário crítico da pintura no Brasil, ArtLivre, Rio de Janeiro, 1988, p.450-451 (versão digital em CD-ROM, Log On Informática, Rio de Janeiro, 1999).



TEXTO
Copyright © José Roberto Teixeira Leite, 1988-2023

BIBLIOGRAFIA

OTT, Carlos. A Escola Baiana de Pintura, São Paulo, 1982

QUERINO, Manoel R. Artistas Baianos, Salvador, 2ª ed., 1911

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