Assunção de Nossa Senhora
Igreja da Piedade (altar lateral), Salvador BA
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Homenagens
José Teófilo de Jesus circa 1757-1847 250 ANOS DE NASCIMENTO EM 2007
Iniciou-se em pintura através dos ensinamentos de José Joaquim da Rocha, em Salvador. Segundo Manuel Querino, teria mais tarde se transferido para a Europa, ali frequentando pintores importantes da época, em Lisboa. De qualquer forma, pintou quatro painéis em 1793 para as paredes laterais da capela do Santíssimo Sacramento da antiga Sé, de Salvador, posteriormente transferidos para o salão da antiga biblioteca do Colégio dos Jesuítas, da mesma cidade. Passados alguns anos, vamos encontrá-lo, em fevereiro de 1802, pintando mais quatro painéis para a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, de Salvador, que se encontram hoje em dia na sala de sessões da Mesa da referida irmandade, a qual lhe encomendou ainda, em 1844, seis painéis representando as imagens dos altares laterais de seu templo.
Em 1803 executou para a enfermaria da Santa Casa de Misericórida, da capital baiana, um quadro com Cristo na cruz e outro, de pequenas dimensões, fixando Jesus, Maria e José, destinado a ficar entre as mãos dos agonizantes recolhidos ao hospital da citada Santa Casa, desconhecendo-se atualmente o paradeiro de ambos. Firmou contrato em 1816 para a pintura do teto da nave e douramento de obras de talha (trabalhos que lhe renderam 3:400$000) da nova Igreja da Ordem Terceira do Carmo, de Salvador, pois a anterior fôra destruída por um incêndio em 1788; a respeito dessa pintura disse Carlos Ott, no capítulo escrito para a História das artes na cidade do Salvador (1967):
"Na decoração arquitetônica, na qual quis imitar as obras em perspectiva de seu mestre, não logrou muito sucesso (...) A igreja ilusória que devia ser construída pela imaginação e pelo pincel dentro da existente não conseguiu elevar-se às alturas daquelas da autoria de José Joaquim da Rocha. Faltava-lhe a imaginação arrojada dos pintores italianos que influenciaram tão favoravelmente o mestre. José Teófilo de Jesus sentia-se mais à vontade quando se sentava em frente do cavalete, à maneira de seus avós portugueses ou espanhóis, pintando quadros a serem pendurados na parede".
Pintou, nesse último sentido, além dos já indicados, os painéis da sacristia da Igreja do Senhor do Bonfim, de Salvador, apontando Carlos Ott como de sua autoria segura (pois que assinados "Teófilo inventou e pintou") sete dos trinta e quatro outros painéis existentes nos corredores da mesma igreja (Querino atribuiu-lhe a execução de todos eles). São também de sua autoria os painéis da nave da Matriz do Santíssimo Sacramento, de Itaparica (cujo teto igualmente decorou), e os da sacristria da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, de Cachoeira, bem como quatro trabalhos preservados no Museu do Estado da Bahia.
Em 1834 contratou a feitura de oito painéis e douramento da capela-mor da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, da capital baiana, que lhe confiou ainda, três anos mais tarde, segundo informação de Germain Bazin em L'Architecture religieuse barroque au Brésil (1956-1958), a pintura de um novo teto para a nave. O Jornal da Bahia, de 18 de novembro de 1859, traz referências a trabalhos que lhe são atribuídos na igreja do Colégio dos Órfãos de São Joaquim, de Salvador, ali se dizendo:
"Na capela há um altar-mor em que está colocado um grande quadro representando São Pedro de Alcântara, o anjo custódio do Império, com a mão sobre a coroa imperial. Nossa senhora, a Santíssima Trindade e alguns inocentes órfãos: e dois altares laterais: o do lado do Evangelho tem um magnífico quadro representando Santana, São Joaquim e a Santíssima Virgem, e no lado da Epístola há outro primoroso quadro, representando a morte de São José, assistida de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e de alguns anjos. No teto há também um quadro figurando a anunciação da Santíssima Virgem".
Manuel Querino indicou igualmente outros tetos que teria pintado, como o da Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha, de Salvador. Produziu ainda diversos trabalhos para templos religiosos nas cidades sergipanas de Maruim (em cuja Matriz foram encontrados sete dos quinze quadros, sobre temas da Via Sacra, referidos por Querino), Laranjeiras e São Cristóvão, havendo dúvidas quanto à sua presença em Itaporanga. Quando pintava o teto da nave da Matriz da vila da Divina Pastora, em Sergipe, sofreu uma queda do andaime de que se utilizava, do que resultou sua morte, já depois de transferido para Salvador. Dom Clemente Maria da Silva Nigra abordou este seu derradeiro trabalho no estudo "Temas pastoris na arte tradicional brasileira"(Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 8, 1944), reproduzindo-o fotograficamente. Marieta Alves vem, da mesma forma, estudando sua obra e publicou a respeito artigo com detalhadas informações no jornal baiano A Tarde (29 de maio de 1961).
Roberto Pontual Extraído do Dicionário das artes plásticas no Brasil, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1969.
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