Fotografia reproduzida de: Laudelino de Oliveira Freire. Um século de pintura, Tipografia Röhe, 1916, p.325
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Homenagens
Thomas Georg Driendl 1849-1916 SESQUICENTENÁRIO DE NASCIMENTO EM 1999
Nascido em Munique, Alemanha, a 2 de abril de 1849, era filho do litógrafo Thomas Driendl (1805-1859), natural da cidade de Pfronten, nos alpes do Allgäu, e de Maria Anna Driendl. Participou como combatente da guerra Franco-Prussiana de 1870, quando conheceu o pintor Johann Georg Grimm. Tendo ingressado na Antikenklasse da Academia de Belas Artes de sua cidade natal, em maio de 1873, supõe-se que tenha sido discípulo dos mais importantes mestres da época.
Driendl chegou ao Brasil em junho de 1881, pelo paquete francês Équateur, viajando em outubro do mesmo ano para Santos, em São Paulo, a fim de cumprir atividades de representação profissional que fazia do Instituto de Pintura Religiosa de Munique, do escultor Franz Xaver Rietzler, de quem era procurador-geral para a América do Sul. De volta ao Rio de Janeiro, fixou residência na Rua do Senador Cassiano, 39, em Santa Teresa, onde também residiam neste período Johann Georg Grimm e outro pintor bávaro, Miguel Allgaier.
A partir de 1882 viajou com freqüência a São Paulo, onde manteve representação de suas atividades como arquiteto, pintor e decorador, à Rua Direita, 1, sobrado. Ainda esse ano apresentou publicamente pela primeira vez seus trabalhos, participando da exposição da Sociedade Propagadora das Belas Artes, realizada no Imperial Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Nesta oportunidade, alcançou imenso sucesso com Cena de Família nas Montanhas da Baviera, tela produzida em 1878, em sua terra natal. Desde então firmou reputação de artista notável, executando a decoração do salão de honra do Liceu Literário Português, em companhia de Grimm, tendo o prédio sido posteriormente destruído por um incêndio. Em 1883, realizou três pinturas sobre vidro, com motivos sacros, para a Igreja de São Francisco de Paula, no Rio de Janeiro.
Participou da Exposição Geral, organizada pela Academia Imperial das Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1884, apresentando, além do quadro que já expusera dois anos antes, o retrato do conselheiro Ferreira Viana, sendo premiado com a primeira medalha de ouro. Neste mesmo ano, transferiu-se para Niterói, acompanhando Grimm e fixando residência na Rua da Boa Viagem, 11. Eventualmente, substituía Grimm nas aulas que, em caráter particular, o mestre alemão ministrava aos antigos alunos da Academia Imperial.
Contratado pela Câmara Municipal de Niterói em 1888, para executar os retratos dos principais líderes abolicionistas, tal trabalho, entretanto, não chegou a ser realizado em virtude da carência de recursos obtidos através de subscrição pública. Em outubro do mesmo ano, requereu e obteve sua naturalização como cidadão brasileiro.
No ano seguinte foi novamente contratado pela cidade de Niterói, desta vez para realizar cenário, pano-de-boca e as principais decorações internas do prédio do Teatro Santa Teresa, atual Teatro Municipal de Niterói. Realizou ainda, por encomenda, o desenho de uma medalha comemorativa da libertação dos escravos. Tendo participado em 1890 da Exposição Geral da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, transferiu residência a partir de 1898 para a Rua da Boa Viagem, 33, realizando neste mesmo ano os trabalhos de decoração para o altar da igreja da Imaculada Conceição de Maria, em Botafogo.
Nos primeiros anos do início do século XX, dedicou-se quase com exclusividade aos trabalhos de arquitetura, realizando a reforma do asilo Santa Leopoldina, em Niterói, em 1904, e executando, três anos mais tarde, o projeto das estações de embarque dos transportes da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro e em Niterói, entre outros. Desenvolveu ainda projetos para particulares, como os antigos Palacetes Martinelli e Custódio de Melo.
Thomas Driendl faleceu em fevereiro de 1916, na sua residência de Niterói, aos sessenta e sete anos de idade. Ainda hoje existem descendentes do pintor no Rio de Janeiro e em Niterói. Sua filha Cecília Driendl também executou trabalhos de pintura, ainda que nunca tenha conseguido alcançar a habilitação e os méritos do pai.
Maria Elizabete Santos Peixoto Extraído do livro Pintores alemães no Brasil durante o século XIX, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 1989, p.187-192.
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TEXTO Copyright © Maria Elizabete Santos Peixoto, 1989-2023
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