Retrato de menina, 1841
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro RJ
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Homenagens
François-René Moreaux 1807-1860 SESQUICENTENÁRIO DE MORTE EM 2010
Nascido em Rocroy (França) e falecido no Rio de Janeiro. Tendo feito seu aprendizado artístico em Paris, com o célebre Gros, veio para o Brasil, acompanhado do irmão caçula (o também pintor Louis Auguste Moreaux), em fins da década de 1830, fixando-se sucessivamente em Pernambuco, na Bahia e no Rio Grande do Sul antes de se radicar em definitivo no Rio de Janeiro em 1841. Desse ano até 1859 tomou parte com freqüência nas Exposições Gerais de Belas Artes, e na de 1842 foi premiado com a grande composição histórica Sagração de Dom Pedro II, recebendo o Hábito da Ordem de Cristo. Referindo-se a essa obra, Gonzaga Duque ressalta-lhe o colorido, "riquíssimo", embora logo em seguida ressalve: “A habilidade de Francisco Moreaux não passa dos segredos da palheta”.
Do mesmo modo, ao analisar seu David triunfante, exposto em 1843, destaca-lhe o cromatismo, afirmando que "o azul, o nácar, o amarelo e o verde realçam-se na tela e são os mais lindos possíveis".
Orgulhoso e altivo, Moreaux respondeu a Porto-Alegre – que lhe criticara o David triunfante –, em termos veementes, usando o pseudônimo de "Um Brasileiro Nato"; mais tarde, não tendo esquecido as restrições de Porto-Alegre a seu trabalho, caricaturou o artista brasileiro, então à frente da Academia, no anônimo Álbum do Pintamonos (provavelmente de 1856) e em dois desenhos estampados no Brasil Ilustrado de 15 de julho do mesmo ano.
Muito embora particularmente cotado como pintor de história e retratista, Moreaux realizou também algumas vistas urbanas. Para a Galeria Contemporânea Brasileira, série litográfica publicada por Heaton e Rensburg, traçou alguns retratos de personalidades; e, como era de praxe e quase obrigatório, retratou também os imperadores, em duas telas hoje no Museu Imperial de Petrópolis. De resto, incentivou o ensino artístico, colocando-se entre os que mais se bateram pela fundação do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.
Mas o melhor de François René Moreaux não está nos retratos de figurões, ou nas grandes composições históricas, como O Grito do Ipiranga que outrora adornava o Senado, mas sim em telas como delicioso Retrato de menina do Museu Nacional de Belas Artes, no qual, esquecendo-se por alguns momentos das lições do Barão Gros e de sua habitual teatralidade, representou a figura de corpo inteiro de uma meninota contra um fundo paisagístico, dentro de uma atmosfera quase ingênua e de qualquer modo encantadoramente simples.
José Roberto Teixeira Leite Extraído do livro Dicionário crítico da pintura no Brasil, ArtLivre, Rio de Janeiro, 1988 (versão digital em CD-ROM, Log On Informática, Rio de Janeiro, 1999).
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TEXTO Copyright © José Roberto Teixeira Leite, 1988-2023
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